sexta-feira, 16 de abril de 2010

Leitores perguntam, mas Edson não responde


10/03/2010 - 00h00 (Outros - A Gazeta)

Katilaine Chagas

Não será publicada hoje a prestação de contas da prefeitura de Guarapari, diferentemente do que foi feito nas últimas sete semanas, quando o jornal A GAZETA trazia as resposta dos prefeitos das cidades avaliadas pela série Avaliação da Gestão às questões feitas por leitores. As perguntas são enviadas por meio do portal Gazeta Online.

No último dia 3, a reportagem informou à assessoria de imprensa da Prefeitura de Guarapari que, no domingo, dia 7, os leitores, por meio do site, fariam perguntas ao prefeito e que essas perguntas teriam de ser respondidas por Edson Magalhães na terça-feira (ontem) para que fossem publicadas hoje.

Na manhã da última segunda-feira, 8, foi feito um novo contato com a assessoria da prefeitura a fim de marcar a segunda entrevista, que seria feita por telefone. A assessoria informou que o prefeito tinha duas reuniões agendadas durante a manhã de terça-feira e que, por isso, naquele momento, não poderia confirmar se haveria entrevista. Ao longo de toda a segunda-feira, a reportagem entrou em contato com a assessoria, mas sem sucesso.

Na terça-feira pela manhã foi feita uma nova tentativa com a assessoria, que passou a demanda para a secretária do prefeito. A secretária, por sua vez, informou que aguardaria um telefonema de Edson Magalhães para verificar a disponibilidade de agenda. Até o fechamento desta edição, ontem à noite, não houve retorno por parte da prefeitura.

As perguntas que seriam feitas ao prefeito

1 - Cleo B: Quando Guarapari terá um hospital? Não que o PA em caso de emergência não atenda, mas para casos graves precisa-se de um bom hospital. Quando teremos essa resposta?

2 - Carlos V: Quando o senhor vai olhar a zona rural do município? Não temos estradas para escoar a produção. Nosso município é um dos maiores produtores de banana prata do Estado. Na localidade de Vargem Fria, em Rio Claro, não se passa nem de carro de boi, que dirá de automóvel.

3 - Murilo S: Quando o asfalto chegará aos bairros Jardim Santa Rosa e Jardim Europa?

4 - Claudia P: O restante da Praia do Morro será asfaltado?

5 - Valter R D S: Cadê as obras de Reta Grande? Esperamos quadra de esporte, tratamento de esgoto e asfalto.

6 - Valter R D S: Quando serão cumpridas as promessas de reconstrução da ponte do rio Una, escolas de ensino fundamental (no Una e no Paturá), drenagem da rua Viana, reconstrução da praça do Una, serviços de drenagem do canal do campo de futebol do Una e posto de saúde?

8 - Ingeborg H: Existem projetos de melhoria para Setiba?

9 - Filipe R: Há providências sobre transporte coletivo de Guarapari, que está irregular. Há algum projeto para o trânsito?

10 - Ismael Junior Curty C: Há projeto de criar a guarda municipal para cuidar do trânsito e dar mais segurança nas praias? E para uma terceira ponte?

11 - Francis D M: Que incentivos a prefeitura oferece para atrair novas empresas?

Nossa opinião - Desinteresse em prestar contas
Difícil imaginar um prefeito recusando uma página inteira de jornal para prestar contas de seus atos, mas foi exatamente isso que Edson Magalhães (PPS), de Guarapari, fez.
Todos os demais sete administradores que participaram da série Avaliação da Gestão responderam com atenção às perguntas dos leitores. Edson, portanto, possivelmente será o único a não utilizar este espaço. Ao não responder aos pedidos de A GAZETA, o prefeito de Guarapari não demonstrou só descaso com um trabalho jornalístico que objetiva justamente identificar os avanços e falhas das administrações das principais cidades do Estado. Ele, na verdade, demonstrou descaso com os moradores do seu próprio município e até mesmo certa arrogância, ao sugerir que não precisa prestar contas. A GAZETA pede desculpas a seus leitores e agradece a participação. Quanto ao prefeito, apenas lamentamos que uma cidade importante como Guarapari tenha no comando uma pessoa que se recusa a atravessar a ponte construída entre o jornal e os moradores da cidade.

É A TREVA: RUMO AO DESASTRE




Leonardo Boff


Uma jovem e talentosa atriz de uma novela muito popular, Isabelle Drummond, sempre que fracassam seus planos, usa o bordão: ‘É a treva’. Não me vem à mente outra expressão ao assistir o melancólico desfecho da COP 15 sobre as mudanças climáticas em Copenhague: é a treva! Sim, a humanidade penetrou numa zona de treva e de horror. Estamos indo ao encontro do desastre. Anos de preparação, dez dias de discussão, a presença dos principais líderes políticos do mundo não foram suficientes para espancar a treva mediante um acordo consensuado de redução de gases de efeito estufa que impedisse chegar a dois graus Celsius. Ultrapassado esse nível e beirando os três graus, o clima não seria mais controlável e estaríamos entregues à lógica do caos destrutivo, ameaçando a biodiversidade e dizimando milhões e milhões de pessoas.

O Presidente Lula, em sua intervenção no dia mesmo do encerramento, 18 de dezembro, foi a único a dizer a verdade: faltou-nos inteligência porque os poderosos preferiram barganhar vantagens a salvar a vida da Terra e os seres humanos.

Duas lições se podem tirar do fracasso em Copenhague: a primeira é a consciência coletiva de que o aquecimento é um fato irreversível, do qual todos somos responsáveis, mas principalmente os países ricos. E que agora somos também responsáveis, cada um em sua medida, do controle do aquecimento para que não seja catastrófico para a natureza e para a humanidade. A consciência da humanidade nunca mais será a mesma depois de Copenhague. Se houve essa consciência coletiva, por que não se chegou a nenhum consenso acerca das medidas de controle das mudanças climáticas?

Aqui surge a segunda lição que importa tirar da COP 15 de Copenhague: o grande vilão é o sistema do capital com sua correspondente cultura consumista. Enquanto mantivermos o sistema capitalista mundialmente articulado será impossível um consenso que coloque no centro a vida, a humanidade e a Terra e se tomar medidas para preservá-las. Para ele centralidade possui o lucro, a acumulação privada e o aumento de poder de competição. Há muito tempo que distorceu a natureza da economia como técnica e arte de produção dos bens necessários à vida. Ele a transformou numa brutal técnica de criação de riqueza por si mesma sem qualquer outra consideração. Essa riqueza nem sequer é para ser desfrutada mas para produzir mais riqueza ainda, numa lógica obsessiva e sem freios.

Por isso que ecologia e capitalismo se negam frontalmente. Não há acordo possível. O discurso ecológico procura o equilíbrio de todos os fatores, a sinergia com a natureza e o espírito de cooperação. O capitalismo rompe com o equilíbrio ao sobrepor-se à natureza, estabelece uma competição feroz entre todos e pretende tirar tudo da Terra, até que ela não consiga se reproduzir. Se ele assume o discurso ecológico é para ter ganhos com ele.

Ademais, o capitalismo é incompatível com a vida. A vida pede cuidado e cooperação. O capitalismo sacrifica vidas, cria trabalhadores que são verdadeiros escravos ‘pro tempore’ e pratica trabalho infantil em vários países.

Os negociadores e os lideres políticos em Copenhague ficaram reféns deste sistema. Esse barganha; quer ter lucros; não hesita em por em risco o futuro da vida. Sua tendência é autosuicidária. Que acordo poderá haver entre os lobos e os cordeiros, quer dizer, entre a natureza que grita por respeito e os que a devastam sem piedade?

Por isso, quem entende a lógica do capital, não se surpreende com o fracasso da COP 15 em Copenhague. O único que ergueu a voz, solitária, como um louco numa sociedade de sábios, foi o presidente Evo Morales: Ou superamos o capitalismo ou ele destruirá a Mãe Terra.

Gostemos ou não gostemos, esta é a pura verdade. Copenhague tirou a máscara do capitalismo, incapaz de fazer consensos porque pouco lhe importa a vida e a Terra, mas antes as vantagens e os lucros materiais.

A IGREJA E OS POBRES










No Antigo Testamento, vemos a situação econômica como reflexo da fé em Deus, ou da falta de fé. Com o advento da Boa-Nova anunciada por anunciada por Jesus, a pobreza passa a ser apresentada como resultado da ganância de alguns, e assim o Evangelho se torna mensagem de justiça e esperança de igualdade.

O Catecismo da Igreja Católica, no número 2443, assim leciona: “Deus abençoa aqueles que ajudam aos pobres e reprova aqueles que se afastam deles...”. Mais adiante, no numero 2445, diz: “O amor aos pobres é incompatível com o amor imoderado das riquezas ou o uso egoísta delas...”

Assim, nossa doação aos menos favorecidos deve ser levada a termo, na medida em que nos utilizamos dos meios de que dispomos para diminuir a miséria deste povo, que sofre devido à fragilidade dos Sistemas Públicos de saúde e educação; pela falta de oportunidades de emprego e até mesmo pela falta de qualificação para o mercado de trabalho.

É nosso dever enquanto cristãos (e, sobretudo religiosos e clérigos), auxiliar na aplicação de mecanismos para que esse povo sofrido seja o sujeito ativo de sua libertação.

Barbacena, 8 de março de 2010

Lucas Francisco Neto